The Stack gathers high resolution scans of all extant manuscript testimonies and – in the form of a meta-edition – reproductions of relevant editions that have been published: From the editio princeps, that is the first ever printed version of the Confessio – edited by Sir James Ware in 1656 and based on the Irish and British manuscript copies only – up to the canonical version of the critical text established in the scholarly edition by Ludwig Bieler in 1950.
The Saint Patrick’s Confessio Hypertext Stack Project is funded under the Irish government Programme for Research in Third-Level Institutions (PRTLI), Cycle 4. It is part of the Humanities Serving Irish Society (HSIS) initiative, a partnership of equals committed to developing an inter-institutional research infrastructure for the humanities. The Hyperstack is one of two projects running at Royal Irish Academy under the label ADR, "Academy Digital Resources", supported by the Digital Humanities Observatory (DHO). (The second ADR project being the Doegen Project building up a digital archive of Irish dialect recordings).
The Hyperstack Project was conceived and is overseen by Dr Anthony Harvey, editor of the Royal Irish Academy Dictionary of Medieval Latin from Celtic Sources. Since September 2008 Dr Franz Fischer has been the postdoctoral researcher in charge. A series of collaborators facilitate the project and greatly enhance its value. Not least there is a postgrad intern for three months each summer.
The St Patrick’s Confessio Hypertext Stack Project aims to give Irish society as direct access as possible to the historical Patrick. In order to achieve this the project aims to build up a comprehensive digital research environment to make accessible to academic specialists, as well as to interested lay people, all the textual aspects of the real St Patrick’s own work.
All electronic text versions of St Patrick's Confessio and his his Letter to the Soldiers of Coroticus are structured in correspondence to the original Latin as established by N.J. White in his print edition from 1905 and as maintained in the 'canonical edition' by L. Bieler in 1950 in order to align the original with the translations paragraph by paragraph. Bibliographical references refer to the HyperStack bibliography.
Eu, Patrício, um pecador, o mais rústico e o menor entre todos os fiéis,
profundamente desprezível para muitos, tive por pai o diácono Calpurnius, filho de
um certo, Potitus, falecido, um presbítero que foi morador de um vilarejo chamado
Bannavem Taberniae
E lá o Senhor abriu o entendimento de incredulidade do meu coração, afim de que, mesmo muito tarde, me recordasse dos meus pecados e me convertesse de todo coração ao Senhor meu Deus, que considerou a minha insignificância e teve misericórdia da minha mocidade e ignorância, e ele me protegeu antes que eu o conhecesse e antes que eu soubesse distinguir entre o bem e o mal e me fortificou e consolou como um pai faz ao filho.
Por esta razão não posso me calar, nem seria isto apropriado, diante de tantas dádivas e graças que o Senhor se dignou a me conceder na terra do meu cativeiro; porquanto esta é nossa maneira de retribuir para, depois da correção ou do reconhecimento de Deus, exaltar e confessar suas maravilhas diante de todas as nações que estão debaixo do céu.
Porque não há outro Deus, nunca houve antes, nem haverá no futuro, além de Deus pai não gerado, sem princípio, do qual procede todo o princípio, quem tudo possui, como dizemos; e seu filho Jesus Cristo, que assim como o pai evidentemente sempre existiu, antes do começo dos tempos em espírito ao pai. Criado inefavelmente antes da origem do mundo, e por ele mesmo foram criadas todas as coisas visíveis e invisíveis. Ele foi feito homem, venceu a morte e foi recebido no céu junto do pai, e foi-lhe dado todo poder absoluto sobre todo nome no céu, na terra e no inferno para que assim toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor e Deus, em quem nós cremos e esperamos que sua vinda breve está, como juiz dos vivos e dos mortos. Este que dará para cada um segundo os seus feitos, e derramou em vós abundantemente o seu Espírito Santo, o dom e a garantia da imortalidade, que tornou os crentes e obedientes em filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo: aquele que confessamos e adoramos, O único Deus na trindade do seu santo nome.
Pois ele mesmo disse por intermédio do profeta: “Invoca-me no dia da tua
tribulação e eu te libertarei e tu me glorificarás”
Apesar de imperfeito em muitas coisas, desejo que meus irmãos e parentes conheçam a minha natureza, para que possam perceber os desejos de minha alma.
Eu não ignoro o testemunho do meu Senhor, que diz no Salmo: “Tu destruirás os que
proferem mentira”; e novamente: A boca mentirosa traz a morte para a alma
Deste modo é que vigorosamente eu devia recear, com temor e tremor, a sentença daquele dia em que ninguém poderá escapar e nem se esconder, mas todos, sem exceção alguma, prestarão contas até dos menores pecados diante o tribunal do Senhor Cristo.
Por esta razão tenho pensado em escrever, mas até agora tenho hesitado; na verdade temi me expor na língua dos homens, porque não me instrui da mesma maneira que os outros, que têm assimilado bem tanto a lei como as Sagradas Escrituras e nunca mudaram o idioma desde a infância, mas ao contrário, sempre o tem aperfeiçoado. Na verdade, a nossa linguagem e idioma foram traduzidos para uma língua estrangeira, tal como facilmente se pode provar a partir de uma mostra dos meus escritos de que modo fui instruído e educado na oratória, porque está escrito: “O sábio será reconhecido pelo modo de falar, pelo entendimento, e pelo conhecimento da doutrina da verdade”.
Mas porque me desculpar perto da verdade, especialmente com presunção, de que
somente agora me aproximando da minha velhice posso obter o que não consegui na
minha juventude? Porque meus pecados impediram-me de confirmar o que anteriormente
tinha lido superficialmente. Mas quem acreditará em mim ainda que repita o que
disse antes? Um jovenzinho, ou melhor, quase um garoto imberbe
Mas se esta graça me fosse dada como foi aos outros, em gratidão eu
verdadeiramente não me calaria, e se por acaso pareceu que me coloquei perante não
poucos com minha ignorância e meu modo lento de falar, verdadeiramente está
escrito: “As línguas balbuciantes aprendem velozmente a falar da paz”. Quanto mais
devemos atingi-lo, nós que somos, como é dito, uma carta de Cristo em saudação até
os confins da terra. E se esta carta não é eloquente, pelo menos...
Por isso eu, antes de tudo um simples camponês
Dessa maneira, espantem-se grandes e pequenos que temem a Deus e vós, senhores,
oradores eloqüentes
Assim, pois, na medida da minha fé na trindade, convém que eu reconheça e sem
noção do perigo, proclamar o dom de Deus e a sua consolação eterna, confiantemente
e sem temor difundir o nome de Deus por toda parte, afim de que mesmo depois da
minha morte, eu deixe uma herança
E eu não era digno, nem tão importante que o senhor concedesse ao seu pequeno servo, após provações e tantas penas, depois do cativeiro e após muitos anos, tantas graças me presenteasse com aquele povo; uma coisa que no tempo da minha juventude eu jamais esperei, nem mesmo imaginei.
Mas, depois que cheguei à Irlanda, passei a apascentar o rebanho cotidianamente e orava várias vezes ao dia, mais e mais o amor de Deus e o meu temor e fé por ele cresceram e o meu espírito foi tocado de tal maneira, que um dia cheguei a contar mais de cem orações e de noite quantidade semelhante, e ainda ficava nas florestas e nas montanhas, acordava antes da luz do dia para orar na neve, no gelo e na chuva, e nenhum mal eu sentia e nenhuma preguiça havia em mim, como percebo agora, porque então o espírito ardia dentro de mim.
E lá (naturalmente) uma noite no meu sono eu ouvi uma voz que me dizia: “Fazes bem em jejuar, pois brevemente partirás para a tua pátria” e novamente muito pouco tempo depois ouvi uma voz que me dizia: “Eis que teu barco está pronto” e não era em um lugar perto não, pelo contrário, estava a duzentas milhas de distância onde eu nunca estivera ou conhecera alguém. Então pouco tempo depois eu fugi e abandonei o homem com quem estivera durante seis anos e avancei na virtude de Deus, que dirigiu meu caminho para o bem e eu nada temi até que alcancei aquele barco.
E naquele mesmo dia em que cheguei o barco estava de partida, e eu disse que tinha
condições de navegar com eles. O capitão se desagradou e irado respondeu
rispidamente: “de modo algum tente ir conosco” tendo ouvido isto me separei deles
e me dirigi a uma pequena cabana onde me hospedava, e no caminho comecei a orar e
antes que terminasse a oração ouvi um deles gritando bem alto atrás de mim: “venha
rapidamente, porque aqueles homens estão te chamando” e imediatamente voltei pra
junto deles, que começaram a me dizer: “venha, porque de boa fé te recebemos, faça
conosco amizade do modo que desejares” e naquele dia então me recusei a sugar-lhes
as mamas
E depois de três dias alcançamos a terra e caminhamos vinte e oito dias através de uma região desértica até que a comida acabou e a fome nos alcançou. No outro dia o capitão começou a me dizer: “Por que acontece isso Cristão? Tu dizes que teu Deus é grande e onipotente, porque razão tu não podes orar por nós? Pois podemos morrer de fome; é provável que jamais vejamos outro ser humano”. Eu então lhes disse confiantemente: convertam-se pela fé de todo o coração ao Senhor Deus meu, pois nada é impossível para ele e hoje mesmo ele mandará alimento para vós em vosso caminho até que se saciem, pois em toda a parte ele traz abundância. E com a graça de Deus isto realmente aconteceu: eis que uma vara de porcos apareceu no caminho diante dos nossos olhos, e mataram muitos dentre os porcos. E neste lugar permaneceram por duas noites e fartaram-se daquelas carnes dos porcos e foram revigorados da fome, porque muitos deles tinha desfalecido e tinham sido abandonados semimortos à beira do caminho. Depois disto renderam extremas graças a Deus e eu tornei-me honrado aos seus olhos, e a partir daquele dia tiveram alimento abundantemente, descobriram mel silvestre e ofereceram-me uma parte e um deles disse: é um sacrifício; Graças a Deus, deste nada provei.
Na mesma noite eu estava dormindo e Satanás tentou-me violentamente, de forma que
eu me lembrarei enquanto neste corpo estiver, e caiu sobre mim como um enorme
rochedo e nenhum dos meus membros podia se mexer. Mas de onde me veio à idéia,
ignorante de espírito que sou, de clamar por Elias?
E mais uma vez, muitos anos mais tarde fui capturado pela segunda vez. Na primeira noite, eu permaneci com eles. Ouvi, então, uma voz divina que me dizia: “permanecerás durante dois meses com eles” e assim aconteceu: na sexagésima noite o meu Senhor me libertou das mãos deles.
Além disso, mesmo na viagem (Deus) nos proveu de alimento, fogo e tempo seco todos os dias, até que no décimo dia encontramos gente. Assim como sugeri mais acima, viajamos vinte e oito dias através de terras desabitadas e de fato naquela noite em que encontramos gente nada tínhamos de alimento.
E depois de uns poucos anos eu estava de novo na Bretanha com meus parentes, que
me acolheram como um filho e me rogaram que eu, após ter passado por tantas
tribulações que nunca me afastasse deles; e neste lugar (naturalmente) vi numa
visão noturna um homem que vinha como que da Irlanda, cujo nome era
Victoricus
E em outra noite –não sei, Deus o sabe, se dentro de mim ou próximo a mim- foram pronunciadas algumas palavras bem próximo, eu as ouvi, mas não pude compreendê-las, a não ser no final: “Aquele que deu a sua vida por ti, o próprio é que fala dentro de ti.” E deste modo acordei jubiloso.
E uma outra vez, o vi orando em mim, era como que dentro do meu corpo e o ouvi acima de mim, isto é, acima do homem interior, e lá orava fortemente com gemidos, e no meio disto eu estava pasmo e admirado e pensava quem seria esse que orava dentro de mim, mas após o final da oração foi-me revelado que era o Espírito. Despertei e recordei-me das palavras do apóstolo: O Espírito nos auxilia na debilidade de nossas orações, pois não sabemos orar como convém. Mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis, que não se podem exprimir com palavras, e mais uma vez: O Senhor, nosso advogado intercede por nós.
E quando fui posto a prova por alguns dos meus senhores, que vieram até mim e relembraram os meus pecados contra o meu árduo episcopado, aquele dia especialmente, fui fortemente abalado e poderia ter caído aqui e na eternidade; mas o Senhor me poupou, um convertido e estrangeiro, pelo amor do seu próprio nome, de forma benévola veio em minha assistência quando estava sendo esmagado. Porque eu não cai em desonra e desgraça eu oro a Deus para que não seja considerado em pecado.
Noutra ocasião, trinta anos depois, eles descobriram contra mim um fato que eu tinha confessado antes de ser diácono. Por causa da ansiedade e do meu espírito triste, eu contei a um amicíssimo meu o que um dia na minha meninice tinha feito, mais precisamente em um momento, porque ainda não tinha força (espiritual). Eu não sei, Deus o sabe, se eu tinha 15 anos, e não acreditava no Deus vivo, nem nunca tinha crido desde a minha infância, mas permanecia na morte e na incredulidade até que fui castigado e humilhado cotidianamente pela fome e pela nudez.
Por outro lado, não me dirigia à Irlanda de livre vontade, estava a ponto de desistir, mas isso, no entanto foi para mim um bem, pois por isso fui repreendido pelo Senhor, e ele preparou-me para que hoje fosse o que eu ainda estava longe de ser, a fim de que eu tivesse o cuidado ou me preocupasse pela salvação dos outros, quando ao contrário, naquela época não pensava em nada além de mim mesmo.
Então naquele dia em que fui reprovado pelos que acima referi, eu tive uma visão à noite de um texto diante de minha face sem honra, e enquanto isso, ouvi uma voz divina que me dizia: com desgosto vimos a face do escolhido, despido de seu nome, e ele não disse: tu vistes com desgosto, mas: nós vimos com desgosto, como se ele mesmo se juntasse a si mesmo, ele então disse: Aquele que te toca é como se tocasse a menina dos meus olhos.
Por este motivo eu dou graças a ele que em tudo me confortou, para que eu não fosse impedido do caminho que decidi seguir e também da minha obra, para a qual fui chamado por Cristo, meu Senhor. Porém, a partir daí eu senti em mim uma grande virtude e a minha fé foi provada na presença de Deus e dos homens.
Por isso então eu digo corajosamente, que minha consciência não me reprova. Nem agora e nem no futuro: Deus é minha testemunha de que não tenho mentido nessas palavras que eu vos tenho dito.
Porém eu não lamento que por causa de meu grande amigo mereçamos ouvir tal resposta. Aquele a quem confiei a alma! E descobri por um bom número de irmãos, que diante daquela defesa (que eu não estava presente, nem estava eu na Bretanha, nem fui eu que a provoquei) ele em minha ausência lutou por mim, e ainda me disse de sua própria boca: eis que tu deves ser elevado ao grau do episcopado, do qual eu não era digno. Mas porque veio, pouco depois, desonrar-me publicamente, diante de todos, bons e maus, e porque anteriormente de forma espontânea e alegre me perdoara, como o Senhor, que é o maior de todos?
Já disse o suficiente. Mas ainda assim, não posso esconder o presente de Deus que nos foi dado na terra do meu cativeiro, porque então eu o busquei fortemente e lá o encontrei e ele me preservou de todas as iniqüidades (assim creio) por causa da morada do seu espírito, que operou em mim até os dias de hoje. Corajosamente de novo, mas Deus sabe, se isso tivesse sido concedido a mim por homem, eu podia ter mantido silêncio pelo próprio amor de Cristo.
Assim eu dou incansáveis graças ao meu Deus, que me conservou fiel no dia da minha tentação, de sorte que hoje confiantemente lhe ofereço a minha alma como sacrifício vivo ao Cristo meu Senhor, que me protegeu de todas as minhas angústias, por isso digo: quem sou eu, oh Senhor, qual é minha vocação? Tu que para mim de uma maneira tão divina apareceste, que hoje entre os gentios constantemente eu exalte e glorifique teu nome em qualquer lugar em que eu estiver, não só na bonança, mas também na tribulação, de modo que qualquer coisa que me aconteça, seja de bem seja de mal, devo aceitar igualmente e a Deus devo sempre dar graças, a Ele que me mostrou que devo indubitavelmente para sempre nele confiar e que me encoraja para que, ignorante, nos últimos dias, ouse encarregar-me de uma obra tão maravilhosa, para que eu possa imitar um daqueles que, há muito tempo, o Senhor pré-ordenou como mensageiros do seu evangelho em testemunho a todos os povos antes do fim do mundo, o que vemos assim estar acontecendo: Eis que nós somos testemunhas, porque o evangelho tem sido pregado até em lugares mais distantes onde não há ninguém.
Levaria muito tempo narrar meus labores, em detalhes, ou um por um. Vou dizer brevemente como o piedosíssimo Deus frequentemente tem me livrado da servidão, e de doze perigos pelos quais minha alma foi ameaçada, além de muitas ciladas que não sou capaz de descrever com palavras. Nem quero injuriar os leitores; mas tenho Deus criador, que conhece todas as coisas antes mesmo que elas venham a existir, como testemunha de que embora eu fosse um pobrezinho desamparado e ignorante, todavia por meio de profecias divinhas frequentemente me aconselha.
De onde me veio esta sabedoria, que em mim não existia, eu que nem o número de dias sabia e nem a Deus conhecia? De onde me veio em seguida dom tão grande e tão saudável de conhecer a Deus ou amá-lo, mesmo tendo de deixar à pátria e a família?
E muitas dádivas me foram oferecidas com choro e lágrimas e eu os ofendi, contrariamente ao desejo de um bom número dos meus senhores; mas sendo Deus o governante, não concordei nem me conformei com eles: não por minha graça, mas Deus que venceu em mim e resistiu contra todos eles, afim de que eu viesse aos povos da Irlanda pregar o evangelho e suportar as injúrias dos incrédulos, para que se possa ouvir o infortúnio da minha peregrinação e muitas perseguições e até prisões; e de maneira que possa dar minha liberdade pelo bem de outros, e se digno for, estou pronto para dar até mesmo minha vida sem hesitação e de muito boa vontade pelo nome do Senhor, e nesse lugar escolho devotar minha vida até a morte, se assim o Senhor me permitir.
Porque sou grande devedor de Deus, que tanta graça me concedeu, para que muitos povos através de mim renascessem em Deus, e como seria confirmado depois, e os clérigos seriam ordenados por eles em toda parte em favor das pessoas que recentemente viriam a acreditar, esses que o Senhor atraiu dos confins da terra, assim como já tinha prometido pelos seus profetas: “para ti virão povos dos confins da terra” e dirão: tal como nossos pais nos deixaram ídolos falsos e não há mais neles proveito; e mais: ponho-te como luz para os gentios para que tu possas levar salvação até os confins da terra.
Eu desejo então esperar por sua promessa, que jamais falha, assim como no evangelho está escrito: virão do oriente e do ocidente e sentar-se-ão a mesa com Abraão, Isac e Jacó, assim também como acreditamos que os crentes virão do mundo inteiro.
Por este motivo então, é necessário verdadeiramente pescar bem e diligentemente, assim como o Senhor previne e ensina dizendo: “Sigam-me e farei de vós pescadores de homens”; e ainda por meio dos profetas: “Eis que eu envio muitos pescadores e caçadores, diz Deus”, etc. Portanto era muito importante lançar nossa rede, para que uma imensa multidão seja apanhada para Deus e em toda parte haja clero para batizar e exortar o povo necessitado e ansioso. Assim como o Senhor disse no Evangelho, admoesta e instrui: “Ide, pois agora por todas as nações, e ensina, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar em todas as ocasiões tudo o que vos ensinei, e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”; e ainda diz: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura, quem crer e for batizado será salvo; quem não crer verdadeiramente será condenado”. E ainda: Este evangelho do reino será pregado por todo o mundo como testemunha para todos os povos e então virá o fim; e igualmente o Senhor anunciou por meio do profeta: E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que eu derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e as vossas filhas farão profecias, vossos jovens verão visões e vossos velhos sonharão sonhos e na verdade sobre os meus servos e minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão; e em Oséias diz: Eu chamarei aqueles que não são meu povo de meu povo e aqueles que não alcançaram misericórdia eu os chamarei de misericordiosos e no lugar em que foi dito a eles, “vós não sois meu povo”, serão chamados “filhos do Deus vivo”.
Assim, tal como acontece na Irlanda onde nunca tiveram conhecimento de Deus, mas
que até o presente momento, prestaram culto a ídolos e coisas impuras, de que modo
recentemente estão se tornando um povo do Senhor e sendo chamados de filhos de
Deus, os filhos dos Escotos e as filhas dos reis
E ainda havia uma abençoada irlandesa [Scota], nobre, linda e de idade adulta, que
eu batizei; poucos dias depois veio a nós e nos informou que tinha recebido uma
profecia de um mensageiro de Deus, que a aconselhou a ser uma virgem de Cristo e
aproximar-se de Deus. Dei graças a Deus, que seis dias depois, excelentemente e
avidamente ela tomou o caminho que todas as virgens de Deus tomam, mas não com o
consentimento dos pais dela, mas suportando perseguições e as reprovações
imerecidas por parte deles. Apesar disso o número delas aumenta (a respeito das
que são de nossa raça nascidas lá desconhecemos o número)
Por isso, mesmo que desejasse me separar delas a fim de ir para Bretanha – e de boa vontade estaria preparado para ir para minha pátria e meus pais, e não somente lá, mas mesmo até a Gália para visitar meus irmãos e para contemplar a face dos santos de meu Senhor: (Deus sabe o quanto eu desejei isso), porém eu estava atado ao Espírito que me avisou que se fizesse isso, seria designado como culpado. E eu temo perder o trabalho que comecei, e não eu, mas Cristo o Senhor, que me ordenou que viesse estar com eles o resto dos meus dias, se o Senhor desejou isso e me protegeu de todo mau caminho, de modo a não pecar contra ele.
Espero ter merecido isto, mas não confio em mim, enquanto estiver neste corpo mortal, porque é forte aquele que cotidianamente se esforça para me desviar da fé e da verdadeira santidade de uma religião não fingida a qual aspiro guardar até o fim da vida minha por Cristo meu Senhor, mas a carne inimiga sempre arrasta para a morte, isto é, para as coisas ilícitas. E eu sei em parte que não levo uma vida perfeita assim como outros crentes, mas confesso meu Senhor, e não me envergonho em sua presença, porque não minto: desde que vim a conhecê-lo em minha juventude cresceu em mim o amor de Deus e o temor a ele, e até agora pela graça de Deus, tenho mantido a fé.
Que ria e me insulte quem assim o desejar, eu não me calarei e nem escondo os sinais e maravilhas que foram mostrados a mim pelo Senhor de muitos anos antes que acontecessem, ele que sabe todas as coisas antes mesmo do começo dos tempos.
Deste modo, devia incessantemente dar graças a Deus, que frequentemente perdoou minha insensatez e negligência, em mais de uma ocasião para não se irar violentamente comigo, que fui colocado como ministro, e não concordei prontamente com o que me foi revelado, segundo o que o Espírito me sugeria, e o Senhor teve misericórdia de mim em milhares de vezes, porque viu que eu estava preparado, mas que eu não sabia o que fazer nessas circunstâncias, porque muitos tentavam impedir a minha missão, eles estavam falando entre si nas minhas costas dizendo: Porque razão este homem se atira ao perigo no meio de inimigos que não conhecem a Deus? Não por malícia, mas não sabia, como eu próprio posso testemunhar, ser entendido por eles, por causa da minha rusticidade, e eu não estava pronto para reconhecer a graça que então estava em mim; agora eu sei que deveria tê-lo feito bem antes.
Agora, pois, declarei aos meus irmãos e companheiros de servidão, que acreditaram em mim por causa do que proferi e ainda profiro para fortificar e reforçar vossa fé. Queira Deus que façam maiores e melhores obras! Isto será minha glória, porque o filho sábio é a glória do pai.
Vós sabeis, e Deus sabe, como me empenhei no meio de vós desde a minha juventude na fé da verdade e na sinceridade de coração. Assim aos povos entre os quais vivo eu mostrei e ainda mostro a fé. Deus sabe que não defraudei a nenhum deles, nem considero isso, pelo próprio Deus e sua Igreja, para que não despertasse perseguição contra eles e contra nós todos e para que o nome do Senhor não seja blasfemado por minha causa. Porque está escrito: Ai do homem pelo qual o nome do Senhor for blasfemado.
Pois embora eu seja ignorante em todas as coisas, ainda assim me esforcei para me conservar e ainda aos meus irmãos cristãos e as virgens de Cristo e às mulheres religiosas, que me davam espontaneamente alguns pequenos presentes e costumavam jogar ao altar seus adornos. Eu os devolvia e se escandalizavam comigo por causa disso e me perguntavam por que eu agia assim; mas eu, na esperança da eternidade, para me proteger de todas as coisas, de forma que não pudessem lesar-me no meu ministério alegando qualquer desonestidade e que nem mesmo esse mínimo detalhe desse qualquer margem para difamação ou depreciação por parte dos incrédulos.
Por acaso quando batizei tantos milhares de pessoas esperava mesmo nem que fosse metade de qualquer coisa deles? Se assim foi, digam-me e eu vos restituirei. E quando o Senhor ordenou clérigos em todas as partes por intermédio da minha humilde pessoa eu lhes conferi o ministério gratuitamente, se pedi de alguém qualquer recompensa, ou um valor que seja de um par de sapatos, digam-me na minha frente e os restituirei.
Além disso, eu fiz todos os esforços por vós para que me recebessem, e andava no meio de vós, e em todo lugar, por vossa causa, em muitos perigos mesmo nas regiões mais remotas onde não havia ninguém e ninguém havia vindo antes para batizar, ordenar clérigos ou confirmar pessoas. Tudo fiz, pela graça de Deus, para vossa salvação.
De vez em quando, dei presentes aos reis e também dei recompensas aos seus filhos que viajavam comigo; todavia me prenderam com meus companheiros e naquele dia desejavam com muita avidez matar-me, mas minha hora ainda não havia chegado, e tudo que puderam encontrar conosco eles saquearam e me prenderam a ferros; e no décimo quarto dia o Senhor me libertou do poder deles e tudo o que era nosso nos foi devolvido por Deus e por conta dos amigos imprescindíveis que antes fizemos.
Vós sabeis por experiência própria o quanto eu gastava com aqueles que proferiam sentenças por todas as regiões que eu mais frequentemente visitava. Penso que verdadeiramente distribui a eles nada menos que o preço de quinze homens, afim de que pudessem desfrutar da minha companhia e eu pudesse usufruir da vossa sempre, em Deus. Não me arrependo e nem considero o bastante: ainda pago e pagarei ainda mais; poderoso é o Senhor para conceder que logo eu possa pagar o meu próprio ser pelas vossas almas.
Eis que invoco Deus por testemunha sobre minha alma como prova de que não estou mentindo: nem escreveria a vós para dar ocasião de lisonja ou avareza, nem esperaria honra de qualquer de vós; suficiente na verdade é a honra que não é vista, mas na qual o coração confia; fiel é o que promete; ele nunca mente.
Mas vejo que aqui mesmo tenho sido exaltado sobremodo pelo Senhor, e eu não era digno de que ele me concedesse isso, porquanto eu sei com certeza que a pobreza e a calamidade se adequariam melhor a mim do que a riqueza e o deleite (mas Cristo o Senhor se fez pobre por nós, eu realmente sou miserável e infeliz sou e mesmo que quisesse a riqueza não tenho, nem é este meu próprio juízo;) porque cotidianamente espero ser morto, traído ou reduzido à servidão se a ocasião surgir, mas nada disso temo por causa das promessas celestiais, porque me lancei nas mãos de Deus onipotente, que reina para todo o sempre, assim como diz o profeta: “lança a tua carga sobre Deus e ele te sustentará”.
Eis que agora encomendo minha alma ao meu fidelíssimo Deus, por quem cumpro a minha missão apesar da minha insignificância, mas porque ele não faz acepção de pessoas e me escolheu para esta obra para que eu fosse um dos menores de seus ministros.
Por esta razão eu devo retribuir-lhe por tudo que ele me tem retribuído. Mas o que deveria dizer ou prometer ao meu Senhor, só tenho aquilo que ele próprio me concedeu? Mas deixe que ele sonde meu coração e minhas entranhas porque almejo muito por isso, demasiadamente até, e estou pronto para que ele me conceda beber do seu cálice, assim como concedeu a outros que o amaram.
Por isso, pela vontade do meu Deus que eu jamais seja separado do seu povo, que ele conseguiu nos lugares mais remotos da terra. Eu oro a Deus para que ele me dê perseverança e que ele se digne a que eu me torne dele desde agora até o tempo da minha passagem por causa do meu Deus.
E se em qualquer momento fiz algo bom por amor ao meu Deus, a quem amo, imploro que ele me conceda derramar meu sangue pelo seu nome, junto com os convertidos e cativos, seja mesmo eu insepulto ou meu cadáver miserável seja repartido membro a membro pelos cães ou pelas feras selvagens, ou ainda devorado pelos pássaros do céu. Certamente penso que se isso ocorresse a mim, eu ganharia como recompensa minha alma com o meu corpo, porque além de qualquer dúvida naquele dia ressuscitaremos na claridade do sol, isto é, na glória de Cristo nosso redentor, como filhos do Deus vivo e co-herdeiros de Cristo, e conforme sua imagem, porque através dele, por ele e nele reinaremos.
Pois o sol que vemos nasce todos os dias para nós sob seu comando, mas nunca
governará e nem irá durar o seu esplendor, mas antes todos os que o adoram irão
desgraçadamente a punição; mas nós que acreditamos e adoramos o verdadeiro sol,
Cristo, que nunca morrerá, nem aquele que fizer a sua vontade, mas permanecerá
para sempre exatamente como Cristo permanece eternamente, que reina com Deus pai
todo poderoso e com o Espírito Santo antes do começo dos tempos e agora e para
sempre. Amém.
Eis que de novo relatarei brevemente as palavras da minha confissão. Eu testifico na verdade e na exultação do meu coração perante Deus e seus santos anjos que tive apenas um motivo, o Evangelho e suas promessas, para voltar àquela nação, da qual havia anteriormente escapado com dificuldade.
Mas eu imploro aos que crêem e temem a Deus, quem quer que se dignar a examinar, bem como receber este texto composto pelo pecador Patrício, indouto, escrito na Irlanda, que ninguém jamais atribua a minha ignorância, qualquer coisa insignificante que eu possa ter feito ou mostrado segundo agrado de Deus, mas considerai verdadeiramente e acredite que isso foi um dom de Deus. Esta é a minha confissão antes de morrer.
Apresento aqui uma proposta de tradução do latim para o português brasileiro das
cartas de São Patrício. Trata-se da
A primeira destas duas cartas é uma autobiografia que Patrício escreveu já na
parte final de sua vida, por volta do ano 450 de nossa era, na qual narra-nos sua
origem e como foi seqüestrado por piratas, para depois voltar como missionário
para a Irlanda. Ele ainda fala dos problemas que enfrentou em suas diversas
viagens, seus desafios, e revela um pouco de sua personalidade. Quanto à segunda,
Patrício escreveu com intenção de que alcançasse
De acordo com sua própria narrativa, Patrício nasceu na Bretanha, no fim do quarto século, mais ou menos por volta de 390. Era de família nobre, seu avô era um presbítero e seu pai diácono. Ele chegou à Irlanda, pela primeira vez, com apenas dezesseis anos, quando foi preso por piratas e vendido como escravo. Viveu na Irlanda durante seis anos pastoreando ovelhas e fazendo outros trabalhos comuns aos escravos do período. Ele fugiu, mas voltou a ser preso novamente, ficando nas mãos de seus captores por dois meses. Só depois, então, estaria novamente na Bretanha com sua gente. Após isso, por livre e espontânea vontade, voltou para Irlanda, provavelmente em 432, com propósitos evangelizadores.
Patrício não era irlandês. Ele era bretão. Esta diferença não pode ser deixada de
lado, um bretão era um romano e um irlandês não era. Aos olhos de um Bretão
romanizado, um irlandês era um “bárbaro”. Mas Patrício, após ter vivido na
Irlanda, não via mais a dinstinção entre Bretão e Irlandês, e sim entre cristão e
não-cristão. Patrício escreveu suas cartas para explicar esta sua interpretação e
se defender de seus críticos, principalmente da acusação de que ele teria ido para
Irlanda ganhar dinheiro (Confissão). A palavra confissão não era usada como no
sentido moderno. Ela significava uma defesa, uma justificação da vida. Ou seja,
ele não pensava nas gerações futuras quando escreveu suas cartas, pensava em
resolver os problemas com os quais tinha que dialogar em seu próprio tempo. Sua
intenção não era nos contar a história de sua vida em uma narrativa
cronologicamente ordenada, seu objetivo inicial era refutar estas alegações feitas
por seus inimigos contra ele e sua jornada missionária na Irlanda, ou seja,
trata-se de uma
Depois que todas as pessoas que conheceram Patrício pessoalmente tinham morrido, nada se falava dele. Enquanto estava vivo ele nunca viu sua importância reconhecida e mesmo depois de morto, após longos anos, ninguém se importava com seu nome. Não existe uma biografia de São Patrício por um espaço de cem anos após sua morte. Ninguém o descreveu como um organizador do cristianismo irlandês, pregador ou alguém que faz milagres. Pode ser que seus escritos tenham sido preservados por acidente e foi somente quando estes vieram à tona que os homens começaram a falar de Patrício (Thompson, 1985: 158/159).
Perto do fim de sua vida, já na velhice, Patrício descreveu um lugar quase totalmente pagão, pois não há evidências de que tenha havido não mais que uma esporádica penetração do cristianismo na Irlanda antes dele. Não existia no início do quinto século a idéia de um bispo missionário católico. Nenhuma outra pessoa antes de Patrício tinha planejado atravessar os limites do Império Romano e ir até terras consideradas bárbaras com o objetivo de levar o cristianismo até os povos que nelas viviam. Se o nome de Patrício é lembrado até hoje é graças as suas obras. Ele seria inexistente e seu nome não seria conhecido sem elas. A maior contribuição de Patrício então não foi converter milhares de irlandeses, mas a composição da epístola e da confissão (Thompson, 1985: 156).
A obra de Patrício também pode ter importância aos que estudam a escravidão no mundo antigo, período em que não é freqüente encontrarmos um ex-escravo falando de sua escravidão. Patrício foi um dos poucos escritores do mundo antigo que nos restaram que teve um conhecimento direto da escravidão, tanto enquanto um dono de escravos, quanto sendo ele próprio um deles. Em sua obra, Patrício faz menção à escravidão, apresenta algumas informações importantes e em momento algum lhe ocorre a idéia de que esta estrutura social poderia mudar ou que a escravidão devesse ser abolida, ao contrário, ele a aceita. Os que quiserem poderão observar isso lendo suas duas cartas.
Uma tarefa difícil é falar do contexto social em que Patrício viveu. Seu contexto
tanto na Bretanha como na Irlanda está irremediavelmente perdido. Não há como
vê-lo em seu contexto irlandês porque pouco se sabe sobre a Irlanda do século V.
Não sabemos como sua vida e suas atividades afetaram outros grupos. Segundo
Thompson, Patrício existe em um
Em relação a relevância da produção deste trabalho de tradução, cabe observar que
existe uma grande dificuldade em se encontrar documentos relacionadas aos estudos
da Irlanda antiga e medieval em português. Para trabalhar com este tema
específico, tanto nos estudos de graduação, quanto no mestrado e no próprio
doutorado, tive que traduzir eu mesmo estes textos do século V irlandês escritos
em latim. Para tal, não consultei manuscritos, pois quando iniciei estes estudos
estava ainda no Brasil, distante das bibliotecas em que estes textos se encontram
e, portanto, impossibilitado de ter acesso aos mesmos. Por este motivo, para a
realização desta tradução, fiz uso dos textos originais
Eu priorizei a tradução de idéias e não de palavras, mas sempre que possível,
elegi as palavras mais próximas do texto latino. Outra coisa que irão perceber é
que sempre que, segundo meu juízo, uma idéia necessitou de mais explicações,
adicionei uma nota elucidativa a ela no fim do texto. Acredito que dessa forma o
texto pode ser melhor compreendido. Na primeira proposta de tradução destes
textos, que apresentei à revista Brathair
No que diz respeito as referências bíblicas relacionadas aos documentos de
Patrício, adotei o sistema elaborado por Hanson (1978), cabendo a ele todos os
devidos créditos autorais. No entanto, chamo atenção do leitor para as seguintes
mudanças: Não indiquei os textos bíblicos relacionados à cada frase latina, ao
contrário, os encadeei em ordem numérica de classificação (ou seja, Gn 1,5 sempre
aparecerá antes de Gn 5,3, por exemplo) e dentro de um sistema, de forma que o
conjunto de cada grupo de referências permaneçam ligados ao versículo em questão.
Por exemplo, após ler o primeiro versículo da Confissão, o leitor encontrará as
referências bíblicas relacionadas a este texto em questão (caso necessário), etc.
Quando o leitor desejar verificar tais referências, recomendo a utilização da Nova
Edição Revista e Ampliada da Bíblia de Jerusalém (2004)
Como complementação, indico algumas obras que considero importantes para quem pretender estudar a vida de Patrício. Todavia, dei preferência pelos títulos de caráter introdutório à temática e que exploram bem os próprios documentos. Como minha tradução dos documentos patricianos ao português brasileiro é parte integrante de um projeto maior, que, como já mencionei acima, apresentará ao público além dos textos originais latinos, traduções para outros idiomas modernos, o leitor encontrará no conjunto desta obra uma ampla bibliografia que o auxiliará quando da realização de estudos patricianos.
Gostaria, por fim, de agradecer a algumas pessoas sem as quais esta tradução não
seria possível. Muito obrigado a Elaine Pereira Farrel, amiga de todas as horas e
leitora crítica de minhas idéias, por todas as conversas sobre
Tenho a esperança de que esta tradução das cartas de São Patrício possa ser de utilidade para toda comunidade acadêmica, principalmente os estudiosos da história da Igreja, de Idade Média, celtólogos, etc. Que outros pesquisadores se animem a traduzir documentos referentes à história da Irlanda e a história dos povos celtas em geral para o português brasileiro.